quarta-feira

O escritório



Comecei no escritório para ser secretária dele. A primeira impressão foi a melhor possível.
- Uau!
Pensei: que gato!... Um coroa charmoso, elegante, bonito...
E qual foi minha surpresa, quando também se apresentou como a pessoa que me orientaria no serviço. A princípio, notei uma olhadinha diferente, mas, fingi não dar atenção. E aquelas olhadinhas foram, ao longo do tempo, se transformando em algo mais atrevido e já me sentia diferente, em algumas situações.
À noite ficávamos, por algumas horas, sozinhos no escritório. A proposta, a princípio, seria me passar mais detalhadamente o serviço. Estranhei, mas deveria ser procedimento normal. (Apesar de ter gostado e de todas as desconfianças).
Ele era uma pessoa educada, inteligente, tinha uma voz empostada, bonita e conseguia me prender, quando conversava. Sempre sabia o que dizer, na hora certa.
Havia nele um olhar misterioso, envolvente e em alguns momentos, me surpreendia com aqueles olhos, que pareciam me desnudar.
Num desses dias, notei que estava, ainda mais, gentil e por que não dizer, carinhoso? Elogiava a maneira de me vestir discretamente, elegante e sensual. Dizia que o corte do cabelo caiu muito bem em meu rosto e que meu tom de voz, despertava nele, outros interesses fora dos profissionais. A esta altura em que falava, ia aos poucos se aproximando mais e o olhar fulminava o meu. Fui aos poucos, me sentindo dominada e passei também a desejar, que ele se aproximasse ainda mais, que me tocasse...
Senti que seus braços tentavam me envolver, enquanto eu, sem querer demonstrar meu interesse, tentava me afastar daquela situação.
Mas, foi inevitável! Cruzamos os olhares, como nunca! Estávamos tão perto, que podia sentir a quentura dos seus lábios, nos meus, ainda que não os tocasse. Aquele perfume inebriante se aproximava cada vez mais.
Levamos algum tempo com os olhos fixos, um no outro, como se quiséssemos ler o pensamento, ver a alma nua. Os nossos lábios se tocaram, apenas roçávamos um no outro e um calafrio percorreu meu corpo, ao sentir que me buscava, cada vez mais, com paixão e loucura.
Beijamo-nos como se quiséssemos devorar um, ao outro. As carícias foram ficando cada vez mais, intensas. Aquela voz rouca sussurrava aos meus ouvidos, palavras que me deixavam louca.
Sem senti, sem me dar conta, ele ia me despindo devagarzinho... A sua boca me percorria com frenesi, enquanto eu me deixava dominar e me entregava aquele delírio. Já não havia mais lucidez naquele momento.
Naquela luxuria, passei a dominar a situação; terminei de despi-lo e senti que ele ficava louco, nas carícias que lhe fazia com seu sexo em minha boca.
E ali, naquela sala do escritório, nos amamos, com paixão e loucura. Nossos corpos a buscarmo-nos, cada vez mais, nos deixavam à sensação de que ainda era pouco, para o muito que nos desejávamos. E eu, não pensei em mais nada. Entreguei-me totalmente e vivemos um prazer muito intenso e inesquecível.

segunda-feira

Segredos do coração



Anoitecia. Já no carro, Mario deixava entender, que queria avançar o sinal. No fundo, estava gostando daquelas carícias. ... suas mãos suaves percorriam minhas coxas. A brisa suave da noite penetrava por uma pequena abertura da janela do carro. Com jeitinho, afastava ligeiramente, aquelas “mãos bobas” e, ainda bem, “teimosas”.
Durante o trajeto, percebi que as vozes se calavam aos poucos e naquele silêncio, a respiração começava a se fazer, cada vez mais, ofegante.
O mar, ao longo do percurso, era um convite e parecia que Mario também, pensava a mesma coisa. Aos poucos foi encostando o carro e disse:
- Quer dar uma esticadinha na areia?
Impaciente, mas com jeitinho inocente, respondi:
- Você acha que podemos, a essa hora?
- Não há perigo.
Descemos e caminhamos em silêncio, até um local cheio de pedras. A noite já dava sinais de que em breve, estaria presente. O vento frio que soprava do mar para a terra, arrepiava minha pele, fazendo com que me aconchegasse cada vez mais, ao corpo dele. A claridade era apenas da lua e das estrelas que refletiam na água do mar.
Cenário perfeito! O marulhar, o luar, a natureza, nós dois, a liberdade, o encantamento, e a sedução...
Mario encostou-se a uma das pedras e com volúpia, me puxou de encontro a ele. As suas mãos começaram a deslizar por todo meu corpo, me fazendo estremecer de arrepios. Os lábios foram delicadamente, encostando à minha boca entreaberta. O beijo parecia querer alcançar a alma.
Cada vez mais, nossos corpos ficavam envoltos por sensações mais intensas. Senti suas mãos desatando os laços da minúscula calcinha. Quase enlouqueci!
Num gesto sôfrego, desabotoei sua camisa e delicadamente deixei meus dedos percorrerem todo seu corpo, deslizando suavemente... até certa altura. Desabotoei o cinto e ali parei...
Quando ouvi sua voz lânguida sussurrar:
- Não pare! Esse é o momento que mais esperei na vida... 
Naquele instante, deixei que a calça caísse e então, pude sentir o contato direto de nossos corpos, o calor e as gostosas sensações que o roçar de nossas coxas produziam. Em meio ao frenesi, nos buscávamos cada vez mais. A doçura de nossos beijos,  transformavam-se em loucos ardentes desejos. As ondas do mar pareciam acompanhar nossos movimentos, como se marcassem um compasso descompassado, um vai e vem frenético, indefinido, mas com sensações intensas e infinitas. A impressão era que faltavam braços e bocas, para seguirem todos os ditames, que nossos desejos imperavam.
Mario com a voz entrecortada pelos gemidos dizia:
- Vem minha gostosa! Deixe-me lhe fazer sentir que sou todo seu... Pegue-me, me conduza... Quero sentir-me todo, nesse corpo gostoso que é tão meu!...
Gemidos e sussurros se misturavam as respirações, que se tornavam cada vez mais, intensas e ofegantes. Todo meu corpo parecia pulsar, descompassadamente! Corações, em arritmias, até que atingimos a plenitude!
Foi tudo muito forte e ficamos um tempo, agarradinhos, esperando que a calmaria voltasse e pudéssemos recuperar o estado normal.
Por alguns minutos, parecia-me estar fora de mim. Mario acariciava meus cabelos e naquele momento, já não era mais a paixão, nem o desejo, muito menos a sedução, que reinavam, mas, o amor através da ternura, e das carícias.
Beijamo-nos longamente. Um beijo suave como a brisa. Ficamos ali, embevecidos, não sei por quanto tempo, até que o avanço da hora sinalizou-nos que deveríamos voltar.
Apesar do vento, fomos obrigados a uma rápida entrada no mar.
Caminhamos lentamente de volta até o carro. Mario me apertou em seus braços e retrucou:
- Sabe? Nunca havia lhe sentido tão minha!...
E eu respondi:
- Sei sim! Até porque, da mesma forma, nunca lhe senti tão meu. Foi um momento lindo em minha vida e jamais esquecerei.
Partimos. Enquanto o carro se deslocava, observava a encantadora paisagem, pensando com meus botões: “aqui ficarão as mais doces e mais loucas lembranças; guardarei para sempre esse momento, trancado a sete chave dentro de mim, segredos do coração!”
Confesso que sempre pensamos voltar. Mas, o tempo mudou. O vento agora já sopra, insuportavelmente frio e as chuvas intensas, não marcam mais hora pra voltar.

E cada vez que lembramos, é inevitável não sentirmos desejos e aquela sensação de plenitude, de realização. Segredos que guardamos na lembrança, em nossos corações.